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quarta-feira, 5 de junho de 2013


Coleções infantojuvenis que apostam no formato do depoimento são hits nas livrarias


Novas séries infantojuvenis, escritas em primeira pessoa, não param de chegar às livrarias

   A gurizada anda louca para ter um diário na cabeceira. De preferência, mais de um. De olho em um crescente filão de mercado, novas séries infantojuvenis não param de chegar às livrarias. São livros escritos em primeira pessoa, em que o personagem, da mesma faixa etária dos leitores, narra suas aventuras em textos curtos e bem-humorados.
  Com sete títulos lançados no Brasil, além de outros dois subprodutos, a série Diário de um Banana, do norte-americano Jeff Kinney, é o carro-chefe desse fenômeno literário crescente. O cotidiano nada extraordinário de um menino no Ensino Fundamental é um estrondoso sucesso: conta com três adaptações para o cinema e já vendeu 75 milhões de exemplares no mundo, sendo 2,1 milhões no Brasil.                                                                                                                                                              Tentando repetir o acerto no investimento, a V & R Editoras, responsável pela coleção no país, lançou ainda as séries Abafa, da norte-americana Rose Cooper, e Mundo Genial de Hugo, da alemã Sabine Zett.                                                                                                                                                            Até mesmo James Patterson, autor de best-sellers policiais como Ameaça Mortal, resolveu fazer uma incursão pela ficção infantojuvenil em formato autobiográfico. Sua série Middle School, lançada em 2011, já está no quarto volume. Em parceria com o escritor Chris Tebbetts e a ilustradora Laura Park, Patterson conta a história de uma jovem que vê seus professores e outros personagens escolares como seres pateticamente monstruosos, sempre de modo hilariante e exagerado. O primeiro livro já está circulando no Brasil pela editora Arqueiro sob o título de Escola: Os Piores Anos da Minha Vida.

 Em comum, essas séries e outros hits como Diário de uma Garota Nada Popular e Querido Diário Otário fazem uso do narrador na primeira pessoa e estão repletos de ilustrações que simulam um caderno escolar.
 — O texto em primeira pessoa faz com que o leitor se sinta mais próximo e entre junto com o personagem na história, gerando uma emoção mais intensa — avalia Flávia Lins e Silva, autora da série Diário de Pilar, que já vendou 100 mil exemplares no país e terá edição na França, na Alemanha, no México e na China.
 Narrativa fragmentada facilita a leitura
 Uma das maiores referências do país em pesquisa de literatura infantojuvenil, Regina Zilberman, professora do Instituto de Letras da UFRGS com pós-doutorado na University College (Inglaterra) e na Brown University (Estados Unidos), observa que o formato de diário dessas coleções se insere em uma antiga tradição literária:
– A narrativa em primeira pessoa em obras infantojuvenis não chega a ser uma novidade. Em Memórias de Emília, por exemplo, Monteiro Lobato faz uma interação entre primeira e terceira pessoa. Mas essa quantidade de obras no mercado é mesmo um fenômeno recente.
 Ana Cláudia Gruszynski, professora e líder do Laboratório de Edição, Cultura e Design da UFRGS, destaca que a possibilidade de leitura fragmentada pode ser um dos motivos de êxito das séries. Ainda que as publicações tenham a pretensão de que se criem vínculos de interesse com os leitores a longo prazo, basta folhear os livros para encontrar conteúdos bem-humorados que podem ser entendidos fora do contexto da história, como o desenho de um desastrado plano para fugir da aula ou a caricatura de um não muito estimado professor.
– Penso que livros em forma de diário estão em sintonia com vivências de um tempo presente de aceleração, individualismo e visibilidade, apresentam uma certa despreocupação com vínculos que exijam muito investimento para um desfecho final, favorecem um prazer no aqui e agora – avalia Ana Cláudia.
A pesquisadora também aponta que essas séries literárias em forma de diário ainda podem ter um importante papel de despertar o gosto pela leitura entre crianças e pré-adolescentes:
– Essas séries são parte de um repertório que pode gerar interesse do grande público e, quem sabe, mobilizar os leitores a experimentar também outras formas narrativas.
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 Convidamos os próprios leitores a explicar a paixão pelos livros em formato de diário. Estudantes do Centro Integrado de Desenvolvimento (CID), de Porto Alegre, com a colaboração da educadora Cheila Schroer, toparam o desafio de colocar seus motivos no papel. Aprenda com eles:
 "Gosto do livro em diário porque a gente fica sabendo de tudo que acontece no dia a dia dos personagens, desde coisas simples até acontecimentos muito importantes. Com isso, parece que nós convivemos com o personagem. A forma como eles contam a vida deles é divertida e engraçada. O livro quatro da série Diário de uma Garota Nada Popular sugere a produção de um diário, e eu estou adorando produzir e pensar sobre minha vida e minhas coisas."    Marina Chang Miranda, nove anos
 
 "Gosto dos livros Querido Diário Otário porque as personagens principais são alunos normais de uma escola. Por ser em forma de diário, a gente consegue se identificar com a personagem principal. Um livro funciona independentemente do outro, isto é mais uma vantagem. Tem situações engraçadas e próximas da nossa realidade. Meu encantamento está em ler e imaginar o que está acontecendo."                                          Carolina Braga Zanatta, 10 anos
 "Li toda a coleção Diário de um Banana e achei muito legal, pois conta tudo o que acontece na vida do personagem. O que achei mais legal foi a que fala sobre a banda do seu irmão mais velho, porque adoro música, e sobre o chatinho do seu irmão mais novo. Também me diverti com o melhor amigo, que viaja na maionese. Tem também os valentões que dizem que escrever diário não é para meninos, isto eu discordo."   Felipe Ortiz, nove anos
"O Diário de um Banana é diferente de outros livros porque fala sobre um garoto que está em fase de crescimento. Gosto muito da coleção porque têm diálogos engraçados e atuais. Eu me identifico com os livros porque o que acontece faz parte do nosso dia a dia. Esta forma de contar histórias prende nossa atenção e faz com que a gente queira logo saber qual será o próximo livro, embora um não dependa do outro."                            Fernando Mund, nove anos
 

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